Leia um trecho
Este é um trecho do capítulo “Na companhia de humanos”:
- Brrrrr... – gemeu Afrênio. – Está frio aqui fora! – estranhou, afinal, estavam no começo do mês de dezembro, quando o calor era intenso.
Micogito não reclamou de nada, pois razanis não sentem frio ou calor, mas sim cheiros e coisas diferentes no ar. Ele respirou fundo e sentiu o vento cheirando a perigo, a breugobreuga demasiada confirmava suas suspeitas: Razanique estava com sérios problemas.
- Então esse é o seu mundo... – falou para o humano referindo-se ao que conseguia ver de onde estava.
- É muito diferente do seu?
- Não muito. A grande diferença está na magia. Em Razanique há mágica em todos os lugares.
- Que tipo de mágica?
- Todas que você possa imaginar.
- Caramba! Eu posso imaginar muitas coisas, hem!?
- Melhor assim! É graças a isso que Razanique vive.
Afrênio olhou-o meio desconfiado e como não era de guardar para si o que pensava...
- Tem certeza que você não fugiu de nenhum circo?
Micogito fez cara de bravo. Não queria acreditar no que acabara de ouvir: “Será possível que o gorducho não se convence nunca?”, pensou indignado.
- Claro, todos aqueles truques! É tudo de mentira, não é? – insistiu Afrênio. – Pode abrir o jogo, foi o meu tio quem o contratou para me pregar uma peça, não foi?
O razani pensou rápido e resolveu agir. Virou a cabeça dando uma volta de trezentos e sessenta graus e perguntou com certa dose de ironia:
- Isso lhe parece de mentira?
- Glup! – Afrênio ficou de queixo caído e abriu muito seus olhos. – Co-como é que se faz isso?
- Simples: é só girar assim... – e girou – Assim... – e virou mais uma vez a puchala.
- Pare já com isso! – ordenou nervoso o menino. – Eu já me convenci, mas pare de virar a cabeça!
Micogito enfim parou, um pouco tonto, é verdade, mas satisfeito.
- Ótimo! Para onde vamos, então?
- Hã? – assustou-se Afrênio. – Como é que eu vou saber?